santo é o dia interminavelmente nostálgico
em as orquídeas secam em memória do inverno
os micélios e as bactérias resgatam o embrião
a solidão perdura sobre os galhos dos ipês
que já se retraem, pois chegou a primavera
e as flores não andam em bando.
os bichos não vagam por comando,
mas os ursos acordaram da hibernação
pois é assim que o tempo manda e é assim que deve ser.
quando a borboleta retorna à crisálida
(ou à lagarta ou ao corpo da mãe — que já se perdeu pelo bosque e não deu nome aos seus frutos voadores)
se relembra do passado que há de vir
tantas e muitas vezes, até o fim da eternidade.
é, também, quando caem os frutos da figueira,
quando as bananas na fruteira começam a apodrecer,
o sorvete na geladeira começa a derreter
e o bípede frágil, tão diminuto,
começa a rememorar e rebobinar dias tão insignificantes no tempo massivo de vida da Bola Azul
que brilham nos seus olhos enormes e germinam no coração tão comprimido
gerando mais um de vários pequenos embriões encascados
(e quem diria — um humano botar ovos!).
desse, nascerá um beija-flor (do ovo, pois as artérias têm diferente potencial vital)
que vagará por florestas e bosques
bebendo néctares de flores com sabor de
infância — com sabor de
adolescência — com sabor de
velhice.
sabor de doença, sorriso, decepção, empolgação, desejo, amor.
alguns de flores venenosas; outros, medicinais,
e, bebendo delas, sentirá
e morrerá sem nada levar.
mas por sentir, por morrer,
viverá o pequeno beija-flor como quem prova do mais doce
e viverá de lembranças, viverá dos tempos em que os primeiros organismos nasceram.
não os invertebrados — nem sequer as bactérias.
viverá dos primeiros amores, passos, palavras,
e da tola doçura de um rebobinar constante e indispensável.
mais do que nos bosques, ele viverá—
o beija-flor viverá
e os ipês viverão
e os micélios (por que não?) e as bactérias e os dinossauros
viverão — e como viverão.
em as orquídeas secam em memória do inverno
os micélios e as bactérias resgatam o embrião
a solidão perdura sobre os galhos dos ipês
que já se retraem, pois chegou a primavera
e as flores não andam em bando.
os bichos não vagam por comando,
mas os ursos acordaram da hibernação
pois é assim que o tempo manda e é assim que deve ser.
quando a borboleta retorna à crisálida
(ou à lagarta ou ao corpo da mãe — que já se perdeu pelo bosque e não deu nome aos seus frutos voadores)
se relembra do passado que há de vir
tantas e muitas vezes, até o fim da eternidade.
é, também, quando caem os frutos da figueira,
quando as bananas na fruteira começam a apodrecer,
o sorvete na geladeira começa a derreter
e o bípede frágil, tão diminuto,
começa a rememorar e rebobinar dias tão insignificantes no tempo massivo de vida da Bola Azul
que brilham nos seus olhos enormes e germinam no coração tão comprimido
gerando mais um de vários pequenos embriões encascados
(e quem diria — um humano botar ovos!).
desse, nascerá um beija-flor (do ovo, pois as artérias têm diferente potencial vital)
que vagará por florestas e bosques
bebendo néctares de flores com sabor de
infância — com sabor de
adolescência — com sabor de
velhice.
sabor de doença, sorriso, decepção, empolgação, desejo, amor.
alguns de flores venenosas; outros, medicinais,
e, bebendo delas, sentirá
e morrerá sem nada levar.
mas por sentir, por morrer,
viverá o pequeno beija-flor como quem prova do mais doce
e viverá de lembranças, viverá dos tempos em que os primeiros organismos nasceram.
não os invertebrados — nem sequer as bactérias.
viverá dos primeiros amores, passos, palavras,
e da tola doçura de um rebobinar constante e indispensável.
mais do que nos bosques, ele viverá—
o beija-flor viverá
e os ipês viverão
e os micélios (por que não?) e as bactérias e os dinossauros
viverão — e como viverão.