primavera

Feb. 18th, 2025 07:54 pm
raspberrys: honey (Default)
séculos atrás, onde o movimento das estações se mantinha há tempos paralisado entre o frio mortal do inverno e a seca lúgubre do outono,
veio sobre a Terra um intenso calor,
a floração voltou ao seu ciclo natural.

pois um menino nasceu, um filho nos foi dado, presenteado ao mundo como um buquê.
a luz intensa de Sua presença recém recebida pela matéria instantaneamente gerou uma estrela, rasgou um véu, devolveu aroma ao ar, trouxe a vida.

é Ele, o filho do Deus vivo! o Deus que ama com tamanha intensidade, tamanha justiça, tamanho poder, capaz de dar seu único filho
por amor.
por ter tido misericórdia de nossos ramos secos, de nosso solo gelado,
de nosso ar árido,
trouxe a nós,
hoje,

a primavera.

oásis

Feb. 18th, 2025 07:53 pm
raspberrys: honey (Default)
a árida ventania, o calor sufocante na pele,
a sola fervente, queimando na areia leve:
esse é o caminho do deserto
sólido, inflexível, amplo, incerto.
os joelhos já estão rígidos do caminhar,
os olhos doem de tanto ao Sol olhar.
a luz tão potente se torna tão artificial,
nenhuma gota fresca vem molhar o meu quintal.

depois de algum tempo, desvio os olhos da luz.
o choque na visão sutilmente forma uma cruz.
acostumando a vista, avisto,
algo que jamais esperaria em meio a isto:
que fez dessa impaciente ventania, brisa tranquila,
e levou junto ao ar árido toda a sua agonia.
com a alegria depois de tanto tempo esperando a chuva, sorri...
pois com os olhos limpos, vejo um Óasis:
ainda transbordante, sempre esteve aqui.

anômalo

Feb. 18th, 2025 07:47 pm
raspberrys: honey (Default)
eles usam os remédios para paralisarem minhas asas.
ao tentarem tornar meu céu em chão, tiram-me a cor.
sem voar, eu caio.
sem insanidade, anormalidade, é suicídio,
é queda, é fim.
não que seja exatamente o que eu desejava,
mas nenhuma faca é capaz de cortar meu ímpeto de voar
mesmo que sem asas,
elas ainda existem dentro de mim
eu não me importo de raspar em árvores
não tem problema se eu cair em flores
a natureza é o meu berço e eu quero deitar nele.
se esse for o preço que eu tenho que pagar,
eu me disponho; eu quero meu lar.

fit

Feb. 18th, 2025 07:45 pm
raspberrys: honey (Default)
i walk inside your house
borrowing your suits
stealing your keys and making them the exact size of my lock.
you're sitting on the couch, watching some movie
you noticed my presence, but you did nothing about it
you trust me, i trusted myself
but still, i borrowed your suit
and i stole your keys
but they still won't fit my lock.
i try, try and keep on trying to get in
it was all just a dream;
i'm stuck inside forever.
raspberrys: honey (Default)
i fall down into his arms, completely folded
i crash his body with the weights on my shoulders
purely accidental, a dish cutting my feet
the blood soaks his clothes and empties me
my breath seems heavy and my heart won't slow down
but her brown eyes are the sun coming with the dawn
even though the sunset is looking at him
"the girl bent over his arms" is the best i can try to be

dream

Feb. 18th, 2025 07:44 pm
raspberrys: honey (Default)
fast heartbeat
i turn on the tv
all i see are the same images i once saw in my dreams
black, white, gray background
a pot of ashes illustrating the space in the middle
above that, a big title stands out
"it's love."
what's left of the dead body inside the jar fades with the slide to the screen corner. another one comes up next.
a new title pops up.
"you aren't going to hold yourself, are you?"
raspberrys: honey (Default)
O primeiro vislumbre que tive da manhã veio acompanhado de batimentos cardíacos acelerados. Minhas pálpebras sonolentas mal puderam se expressar pesando sobre meus olhos, estes já se arregalavam em súbito desespero. Aos poucos, os arredores vieram trazendo a realidade à tona, e em uma fração de segundo, a inquietação é substituída por alívio.
Era sábado de manhã. Eu havia recém despertado de um pesadelo, que logo tentei recapitular na intenção de compreender o susto, mas não obtive sucesso. A única vaga memória que pairou sobre minha mente foi uma porta preta em meio a uma vasta escuridão. Um sentimento de vulnerabilidade me percorreu a espinha. Despistei-o instantaneamente; é apenas uma projeção do inconsciente.
Levantei da cama e, no espelho ao lado, fui forçada a encarar minha imagem desadormecida. Meus cabelos escuros estavam formando um grande ninho de nós, minha franja totalmente levantada. Iria tomar um banho após o café, sem dúvidas.
Cheguei à cozinha e vi minha mãe sentada, centrada em seu telefone, bebendo uma xícara de café com adoçante e comendo sua barrinha de proteína diária, que já estava até mesmo etiquetada com "da Susana".
"Bom dia, querida!", ela me disse, mal me olhando. "Dormiu bem?"
"Bom dia, mãe. Sinceramente, não tanto. Tive um pesadelo, mas sei lá o que aconteceu nele. Só lembro de um espaço escuro. "
"Que loucura, hein?" — o desdém era perceptível. "Estela, a mãe vai sair, tá? Vou ver o Caio, vamos almoçar em algum canto." Concordei com a cabeça sem me importar muito, e ela logo foi até seu quarto para se arrumar.
Caio era o namorado da minha mãe. Os dois namoram já fazem 4 anos, sendo esses cheios de términos e reconciliações. Desde que estão juntos, ela mal lembra que existo; no máximo se debruça sobre meu colo para chorar e desabafar quando os dois discutem (durante estes períodos, é tudo que ela costuma fazer). Logo que se resolviam, minha mãe voltava a ficar fora de casa o dia inteiro. Assim, com 11 anos, tive que aprender a tomar conta de tudo.
Meu pai, Rodrigo, era repórter, e morreu em um acidente de helicóptero quando ainda era bebê. Durante a gravação de uma reportagem sua, o veículo despencou. Sua queda foi fatal, portanto, dentre todos os presentes, meu pai foi o único que veio a falecer. Meus avós maternos eram extremamente religiosos, e resolveram se afastar da minha mãe quando ela ficou grávida de mim, visto que ela não era casada com meu pai. Já os paternos não cheguei nem a conhecer.
Portanto, eu acabei não tendo ninguém além de mim mesma. Preparava as refeições, limpava a casa, cuidava do meu gato Mello, fazia as compras e, além disso, ainda tinha que estudar.
raspberrys: honey (Default)
ainda que eu contenha minha voracidade,
a romã continua descendo meu estômago
suas sementes consomem tudo, causando guerra
tornando uma tortura o pensamento de que a vida é um casamento e a morte é um caso
mas quando se embrulha o estômago, tudo se inverte
a força está em mim, mas cada refluxo me toma a coragem
alguns segundos de prazer valem meses de sofrimento
além do mais, onde eu devo morar? internada dentro do espaço onde minhas raízes costumavam estar?
olhando bem, elas continuam aqui
mas tudo está vermelho demais para que eu enxergue
o medo me impede de estender os braços
mas ainda assim, quero tocar a árvore
sentir seu ar fresco em meus pulmões, lavando e purificando toda dor e paixão
pacificando minha visceralidade
curando a minha digestão.
e de fato, posso misturar os dois, contanto que me recorde de mastigar as bagas
reconhecer que tudo em vermelho são apenas sementes
e entre elas abrir uma passagem para o ar verde entrar
até porque, assim como as luzes do semáforo se mesclam em amarelo,
o sabor não precisa anular a vida; pelo contrário:
a vida me é dada para que, juntamente ao paladar, haja deleite no meu oxigênio.

blue gaze

Feb. 18th, 2025 07:24 pm
raspberrys: honey (Default)
you defy reality with your behaviour
care so hard for the fishes in the sea
stardust collected in your pockets
pictured in every single thing i see
beneath your eyes, there's a whole world
when i'm deep in you, nothing else can be
inside my thoughts, just the feeling
of the waters fusing with me
when the ocean and the stars kiss

resista

Feb. 18th, 2025 07:24 pm
raspberrys: honey (Default)
quando a dúvida bater, resista
deixe que a incógnita paire sobre a sua cabeça
proteja os seus ossos corroídos
mesmo que o copo já esteja sobre a mesa
ainda que os dedos já tenham rastejado para dentro
e que os olhos já visualizem a grandeza
o desejo de visitar algo maior
não se compara à posterior tristeza
que habita no íntimo de um coração, agora já pobre de destreza,
que ao invés de fugir de seus monstros,
resolveu fugir de sua própria pureza.
raspberrys: honey (Default)
the sunshine bending over her eyes
the roots of her hair, a tender delight
but just for my sight

looking above just to catch a sign
searching your wishes so i could align
hanging the love line

still i won't betray mr. heart
who has clock ticking on his breast
he has ballons simulating lungs
but still, they breathe
still, they cling

and my can chest aches
scrap can't bear what's intense
the clock is ticking, the time will pass
and i know i'll stay stuck in the ash
of mr. heart and mrs. brain's detach
raspberrys: honey (Default)
a spark of freedom lit in front of my head
the smooth dance of the flame took me out of bed
i was mesmerized
i felt like i was alive

it took me straight into another world
gifted me stars, wishes, drove out the curve
unpetrified
powerful regardless of time

convinced me that I was capable of anything, even of detonating the underground
i threw it all down

i was the queen of the lights
controlling over seas and skies
doesn't matter anyone's next move
i predict what i'm going to lose
but i don't care, no shame
i've learned how to bare the pain
i'm now the goddess of the flame

Rewind

Feb. 18th, 2025 07:17 pm
raspberrys: honey (Default)
I draw the line that divides life and death.
That divides the moment in time-space between a piece of organic matter in its functional period and its vegetative decomposition. It happens hundreds of times a minute.
In seconds, this line fades and soon disappears. There is no doubt why.
After all, even if the body continues to move, the mind continues to operate and the blood continues to pump, life can also simply be the moments that are experienced, the joy, the life in them. This is lost. It happens thousands of times a minute.
So, what is, indeed, life or death?
Life is the beating of the heart, but it is also feeling it accelerate when seeing someone.
Death is the stopping of the lungs, but it is also suffocating in stored words.
Once you live, you live forever, there is always a legacy. But once you mourn, once you lose, once you die, you die forever.
It happens everywhere, simultaneously, millions of times a minute.
I erase the line that divides life and death.

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raspberrys: honey (Default)
sofia

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