raspberrys: honey (Default)
quando eu paro pra pensar e eu percebo que ele é a raiz, tudo começa a ter uma explicação.
a validação,
o desespero afetivo,
a necessidade de companhia,
a insuficiência,
e tudo que aquilo que os frutos de sua ausência me trouxeram reafirmaram e entregaram junto.

é pessoal demais pra postar isso em algo que tá na bio do meu insta, normalmente eu escreveria no meu twitter pra que ninguém visse, mas é extenso e é verdadeiro e eu não quero esquecer. eu também não preciso esconder, é verdade.

desde que ele foi embora, tudo ficou dificil. ele já não fazia muita diferença fisicamente, mas foi estranho ter a certeza de que não havia nada. não havia nada não havia amor nenhum

não sou eu
vieram e virão diversos eles pra me ensinarem a me amar e a me impor e a me guardar através do castigo. deve ser esse o motivo do castigo.

não tinha uma maneira mais fácil?

me desculpe(m), pai(s), se eu não o(s) amei o suficiente.
é que vocês me fazem perder muito tempo tentando aprender como me amar com vocês aqui.
raspberrys: honey (Default)
minha sentença, castigo. eu luto contra o vento e as jaulas estão destrancadas.
os espinhos acharam conforto enrolados em minhas mãos, e eu já me furei tanto que não sinto mais nada.
o belo retrato permanece banhado em azul, uma dança de tons dividindo agora dois corpos.
agora você é azul, mas eu sou infinitamente mais cinza.

mundo novo

Mar. 2nd, 2025 01:02 pm
raspberrys: honey (Default)
há alguns dias tenho experimentado algo novo. um edifício de aparência industrial, distante e distoante de qualquer floresta em que já tenha habitado meus breves 16 anos em existência.
ao primeiro passo, parece frio. um choque térmico. preciso de água.
não é vazio. mesas, cadeiras, plantas, sofás, eletrônicos. muito cinza, muito azul, muita fumaça. não gosto.
ao caminhar pelos corredores, sentar nos sofás, percebo que são, na verdade, de certo conforto. o prédio é simples, 2 andares.
ao comprar, me ofereceram uma reforma. recusei. precisa ser meu. eu cuido disso.
olhando bem, até que o azul é agradável. eu posso gostar de viver nesse lugar.

mas está esquentando aqui dentro.




não tem água?
raspberrys: honey (Default)
eu detesto o sistema de ensino. por que decorar tudo? eu sequer vou usar tudo? eu não vou existir pra sempre, não tenho forças para contribuir em nada racional.

eu sou feita de sentimento; tristeza, poesia, amor transbordante. eu penso no peito, vivo do sangue, espelho a paixão, desprezo o lógico. não acredito no poder das engrenagens, a ciência é estúpida por buscar razão e nós somos escravos da falsa compreensão de suas conclusões.

eu sou feita de sentimento; da dor, do fervor, do fogo do desejo que também reage em desespero. reações químicas não são capazes de traduzir a tortura da realidade.

eu detesto o sistema.
raspberrys: honey (Default)
seja lá quem você for,
você sempre será a minha ruína

***

Feb. 21st, 2025 11:14 pm
raspberrys: honey (Default)
I have a strong libido for stuff I can't approach
that sucks and even hurts and it won't stop
oh shit
I wanna fill my head with a whole world of information just so I won't have space left for this shitty part of me to get filled up
everyone has this thing, I guess
well i'll supress, or at least i'll say i'll do and ill do my best while striving for perfection and control so i look great to everyone who expects it from
...
(end)
...who?
ah,
me.
raspberrys: honey (Default)
my words get as empty as your full bottle
i run out of poetry
morning comes and sleep won't get away from me
my back is used to bed
my eyes won't get used to the sun
the tickles in the womb take sound that grows louder and louder and i start to wonder if it will ever go away
your maggots are corrosing my insides and no child won't ever leave this tired body once your dirt has obstructed every way it could get out through
i still see the stains in your glass while looking through moon's grin and beyond it we are still crystal clear
i'm not glad of it anymore
and don't you dare trying to wipe me out
soon this mess will be home

primavera

Feb. 18th, 2025 07:54 pm
raspberrys: honey (Default)
séculos atrás, onde o movimento das estações se mantinha há tempos paralisado entre o frio mortal do inverno e a seca lúgubre do outono,
veio sobre a Terra um intenso calor,
a floração voltou ao seu ciclo natural.

pois um menino nasceu, um filho nos foi dado, presenteado ao mundo como um buquê.
a luz intensa de Sua presença recém recebida pela matéria instantaneamente gerou uma estrela, rasgou um véu, devolveu aroma ao ar, trouxe a vida.

é Ele, o filho do Deus vivo! o Deus que ama com tamanha intensidade, tamanha justiça, tamanho poder, capaz de dar seu único filho
por amor.
por ter tido misericórdia de nossos ramos secos, de nosso solo gelado,
de nosso ar árido,
trouxe a nós,
hoje,

a primavera.

oásis

Feb. 18th, 2025 07:53 pm
raspberrys: honey (Default)
a árida ventania, o calor sufocante na pele,
a sola fervente, queimando na areia leve:
esse é o caminho do deserto
sólido, inflexível, amplo, incerto.
os joelhos já estão rígidos do caminhar,
os olhos doem de tanto ao Sol olhar.
a luz tão potente se torna tão artificial,
nenhuma gota fresca vem molhar o meu quintal.

depois de algum tempo, desvio os olhos da luz.
o choque na visão sutilmente forma uma cruz.
acostumando a vista, avisto,
algo que jamais esperaria em meio a isto:
que fez dessa impaciente ventania, brisa tranquila,
e levou junto ao ar árido toda a sua agonia.
com a alegria depois de tanto tempo esperando a chuva, sorri...
pois com os olhos limpos, vejo um Óasis:
ainda transbordante, sempre esteve aqui.

anômalo

Feb. 18th, 2025 07:47 pm
raspberrys: honey (Default)
eles usam os remédios para paralisarem minhas asas.
ao tentarem tornar meu céu em chão, tiram-me a cor.
sem voar, eu caio.
sem insanidade, anormalidade, é suicídio,
é queda, é fim.
não que seja exatamente o que eu desejava,
mas nenhuma faca é capaz de cortar meu ímpeto de voar
mesmo que sem asas,
elas ainda existem dentro de mim
eu não me importo de raspar em árvores
não tem problema se eu cair em flores
a natureza é o meu berço e eu quero deitar nele.
se esse for o preço que eu tenho que pagar,
eu me disponho; eu quero meu lar.

fit

Feb. 18th, 2025 07:45 pm
raspberrys: honey (Default)
i walk inside your house
borrowing your suits
stealing your keys and making them the exact size of my lock.
you're sitting on the couch, watching some movie
you noticed my presence, but you did nothing about it
you trust me, i trusted myself
but still, i borrowed your suit
and i stole your keys
but they still won't fit my lock.
i try, try and keep on trying to get in
it was all just a dream;
i'm stuck inside forever.
raspberrys: honey (Default)
i fall down into his arms, completely folded
i crash his body with the weights on my shoulders
purely accidental, a dish cutting my feet
the blood soaks his clothes and empties me
my breath seems heavy and my heart won't slow down
but her brown eyes are the sun coming with the dawn
even though the sunset is looking at him
"the girl bent over his arms" is the best i can try to be

dream

Feb. 18th, 2025 07:44 pm
raspberrys: honey (Default)
fast heartbeat
i turn on the tv
all i see are the same images i once saw in my dreams
black, white, gray background
a pot of ashes illustrating the space in the middle
above that, a big title stands out
"it's love."
what's left of the dead body inside the jar fades with the slide to the screen corner. another one comes up next.
a new title pops up.
"you aren't going to hold yourself, are you?"
raspberrys: honey (Default)
há 90 anos, sopro as velas e faço um pedido.
os anos se passaram e a idade se arrastou com vento, mas a brisa é suave e, intrigantemente, vai de encontro a mim.
passei os primeiros anos no colo da mamãe, ouvindo suas orações.
depois, comecei a passar rodeado de amigos, observando os sorrisos.
com o tempo, as palmas eram da minha amada, liberadas enquanto apreciava o calor de seu amor.
porém, logo passei a comemorar sozinho. em meio a flores, na varanda, em restaurantes, onde fosse. sempre tinha uma vela, e sempre fazia um pedido.
o mesmo pedido que fiz todos os anos. contudo, esse ano não o fiz.
ao invés disso, fiz um agradecimento, porque ele me foi concedido. foi revelado nas orações de minha mãe, nos sorrisos de meus colegas e no afago de minha esposa. foi revelado na brisa suave, no cantar dos pássaros e na cor das flores. na solitude, que nunca, nem por um segundo, pode ser chamada de solidão.
as velas com os numeros 9 e 0 estão bem à minha frente. dessa vez estou num quarto de hospital.
fecho os olhos, assopro as velas, e enuncio com a voz rouca e gasta:
"Pai" — sorrio. — "Obrigado por sempre ter estado aqui."
raspberrys: honey (Default)
O primeiro vislumbre que tive da manhã veio acompanhado de batimentos cardíacos acelerados. Minhas pálpebras sonolentas mal puderam se expressar pesando sobre meus olhos, estes já se arregalavam em súbito desespero. Aos poucos, os arredores vieram trazendo a realidade à tona, e em uma fração de segundo, a inquietação é substituída por alívio.
Era sábado de manhã. Eu havia recém despertado de um pesadelo, que logo tentei recapitular na intenção de compreender o susto, mas não obtive sucesso. A única vaga memória que pairou sobre minha mente foi uma porta preta em meio a uma vasta escuridão. Um sentimento de vulnerabilidade me percorreu a espinha. Despistei-o instantaneamente; é apenas uma projeção do inconsciente.
Levantei da cama e, no espelho ao lado, fui forçada a encarar minha imagem desadormecida. Meus cabelos escuros estavam formando um grande ninho de nós, minha franja totalmente levantada. Iria tomar um banho após o café, sem dúvidas.
Cheguei à cozinha e vi minha mãe sentada, centrada em seu telefone, bebendo uma xícara de café com adoçante e comendo sua barrinha de proteína diária, que já estava até mesmo etiquetada com "da Susana".
"Bom dia, querida!", ela me disse, mal me olhando. "Dormiu bem?"
"Bom dia, mãe. Sinceramente, não tanto. Tive um pesadelo, mas sei lá o que aconteceu nele. Só lembro de um espaço escuro. "
"Que loucura, hein?" — o desdém era perceptível. "Estela, a mãe vai sair, tá? Vou ver o Caio, vamos almoçar em algum canto." Concordei com a cabeça sem me importar muito, e ela logo foi até seu quarto para se arrumar.
Caio era o namorado da minha mãe. Os dois namoram já fazem 4 anos, sendo esses cheios de términos e reconciliações. Desde que estão juntos, ela mal lembra que existo; no máximo se debruça sobre meu colo para chorar e desabafar quando os dois discutem (durante estes períodos, é tudo que ela costuma fazer). Logo que se resolviam, minha mãe voltava a ficar fora de casa o dia inteiro. Assim, com 11 anos, tive que aprender a tomar conta de tudo.
Meu pai, Rodrigo, era repórter, e morreu em um acidente de helicóptero quando ainda era bebê. Durante a gravação de uma reportagem sua, o veículo despencou. Sua queda foi fatal, portanto, dentre todos os presentes, meu pai foi o único que veio a falecer. Meus avós maternos eram extremamente religiosos, e resolveram se afastar da minha mãe quando ela ficou grávida de mim, visto que ela não era casada com meu pai. Já os paternos não cheguei nem a conhecer.
Portanto, eu acabei não tendo ninguém além de mim mesma. Preparava as refeições, limpava a casa, cuidava do meu gato Mello, fazia as compras e, além disso, ainda tinha que estudar.
raspberrys: honey (Default)
ainda que eu contenha minha voracidade,
a romã continua descendo meu estômago
suas sementes consomem tudo, causando guerra
tornando uma tortura o pensamento de que a vida é um casamento e a morte é um caso
mas quando se embrulha o estômago, tudo se inverte
a força está em mim, mas cada refluxo me toma a coragem
alguns segundos de prazer valem meses de sofrimento
além do mais, onde eu devo morar? internada dentro do espaço onde minhas raízes costumavam estar?
olhando bem, elas continuam aqui
mas tudo está vermelho demais para que eu enxergue
o medo me impede de estender os braços
mas ainda assim, quero tocar a árvore
sentir seu ar fresco em meus pulmões, lavando e purificando toda dor e paixão
pacificando minha visceralidade
curando a minha digestão.
e de fato, posso misturar os dois, contanto que me recorde de mastigar as bagas
reconhecer que tudo em vermelho são apenas sementes
e entre elas abrir uma passagem para o ar verde entrar
até porque, assim como as luzes do semáforo se mesclam em amarelo,
o sabor não precisa anular a vida; pelo contrário:
a vida me é dada para que, juntamente ao paladar, haja deleite no meu oxigênio.

blue gaze

Feb. 18th, 2025 07:24 pm
raspberrys: honey (Default)
you defy reality with your behaviour
care so hard for the fishes in the sea
stardust collected in your pockets
pictured in every single thing i see
beneath your eyes, there's a whole world
when i'm deep in you, nothing else can be
inside my thoughts, just the feeling
of the waters fusing with me
when the ocean and the stars kiss

resista

Feb. 18th, 2025 07:24 pm
raspberrys: honey (Default)
quando a dúvida bater, resista
deixe que a incógnita paire sobre a sua cabeça
proteja os seus ossos corroídos
mesmo que o copo já esteja sobre a mesa
ainda que os dedos já tenham rastejado para dentro
e que os olhos já visualizem a grandeza
o desejo de visitar algo maior
não se compara à posterior tristeza
que habita no íntimo de um coração, agora já pobre de destreza,
que ao invés de fugir de seus monstros,
resolveu fugir de sua própria pureza.
raspberrys: honey (Default)
the sunshine bending over her eyes
the roots of her hair, a tender delight
but just for my sight

looking above just to catch a sign
searching your wishes so i could align
hanging the love line

still i won't betray mr. heart
who has clock ticking on his breast
he has ballons simulating lungs
but still, they breathe
still, they cling

and my can chest aches
scrap can't bear what's intense
the clock is ticking, the time will pass
and i know i'll stay stuck in the ash
of mr. heart and mrs. brain's detach

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sofia

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