raspberrys: (Default)
and when the ghost finds me
im god
come on dear ghost
deep and pitiless, mrs ghost
find the flower, magnolia,
spread the seeds over the garden
come and find me, ghost girl boy
let me be the human joy
eat me out eat me out
im here waiting, writing
couting stars till there are none
cover the sky weird ghost
paint it white like your skin
take me away from here
send me away alone
i wont feel safe unless im on my own
raspberrys: (Default)
(carta pra mim daqui alguns anos, irrelevante pra qualquer outro)

soso, se ao ler todas essas poesias e contos e textos e desabafos e conversas com o vento, você se sentir imatura ou constrangida ou quiçá uma má escritora,
lembre-se de que você sempre encontrou a beleza da poesia na relatividade e na emoção. e você se emociona, e diante do papel ou do bloco de notas você se rasga, e ao colocar o ponto final vomita.
sua arte te salvava aqui, e deve te salvar no futuro.
tudo é justo, tudo é belo. você é valiosa no seu hoje e é valiosa no hoje de agora (você entendeu).
tudo que sua arte precisa é de um coração — e ela tem.
espero que eu me orgulhe de mim/você se orgulhe de si <3 tá tudo bem.
raspberrys: (Default)
Gideão havia adormecido há duas horas, mas eu não conseguia pegar no sono.
Senti minha pele nua sob o cobertor, minha barriga roçando no tecido felpudo, e meu antebraço, na pele ao meu lado. Encarei fixamente o teto, que era iluminado pelas frestas de luz que rasgavam os pequenos vãos na janela.
É a centésima vez que fazemos isso, mas começo a me questionar em qual dezena parei de aproveitar. A pele de Gideão não me parece conter mais nada além de água, ar e ossos que se esfarelam subcutaneamente.
Quando mais nova, pensava que sexo era uma grande bobagem, que não havia sentido se atrair por uma forma física formada por diversas reações químicas constantes e só. É só uma casca, pensava eu, e seu conteúdo permanece dentro do cérebro e da alma. É fútil buscar algo mais profundo em globos reluzentes que, na verdade, são exatamente o que são em matéria. Jurei que jamais viria a me expôr a alguém.
Também acreditava que jamais iria prolongar um relacionamento. Por algum motivo, via a entrega emocional como sinal de vulnerabilidade. Ainda vejo, e é cruel.
Tornei meu olhar ao homem que repousava à minha direita. Seus olhos cerrados lacrimejavam, e seu corpo estava apoiado sobre o quadril e a cintura, voltado para mim. Seu corpo irradiava calor. A mão direita repousava paralelamente à face, e em um dos dedos estava um anel radiante.
Estou com ele há dois anos e, ainda assim, não sei se sei quem ele é.
Se for parar pra pensar bem, na verdade, estou comigo há vinte anos, e ainda não sei quem sou.
Me pergunto quem mudou, quem causou tamanha divergência da relação que havia antes e da que há agora. É estranho, porque ele mesmo não repara nada. Uma vez, o questionei a respeito.
— Tenho a sensação de que estamos nos distanciando.
Gideão me olhou com um olhar curioso.
— Sério? Por que?
— Não te vejo mais. — respondi, baixando o olhar para minhas mãos entrelaçadas. — Falo mais com meus colegas desprezíveis da faculdade que com você. Não temos tempo como antes, e sinto que estou soltando sua mão aos poucos.
Gideon lançou um sorriso. — Bem, eu não acho —, e então deitou sua cabeça sobre meu ombro.
Agora, encarando o rosto adormecido, lamento por não ter nem sequer vontade de vê-lo com a frequência de antes. Embora isso não responda quem é o culpado pela mudança, já que poderia ser simplesmente o acaso das coisas, eu sei que mudei.
Voltei meu olhar ao teto novamente. Parei de aproveitar quando resolvi aproveitar demais a mim mesma. Magnólia havia me tirado de mim, e assim como o sistema imunológico diante de um corpo estranho, passei a exercitar demais meu próprio funcionamento, para que o vírus que ela representava não tomasse tantas células minhas ao ponto que me tornasse inteiramente um hospedeiro por opção.
Para me livrar dela, eu precisei aumentar meu ego. Aumentar meu ego significava diminuir os arredores, calar os ruídos.
Ele era ruído; portanto, o diminui. E lamento profundamente por isso. Mas assim, fiz de mim uma ginasta premiada, começando a ser reconhecida mundialmente por seu talento, embora capaz de perder seu prêmio por um mísero centímetro de distância pisado incorretamente em um elástico ou barra. Um tropeço, e eu tiraria meu glorioso troféu de mim mesma.
Eu era uma estátua divina, detalhada como uma obra renascentista, idealizada como num poema romântico. Mas bastava uma lasca, um erro gramatical, e viraria lixo.
Mas enquanto não fosse, eu era perfeita. E pareceu-me deprimente se prender a uma só casa, uma só vida, um só fruto da figueira quando eu era livre e deveria conceder ao mundo a graça da minha perfeição.
Olhei rapidamente para o lado, e então me descobri aos poucos para levantar da cama.
Ergui-me, tomando cuidado para que a madeira da cama rangesse o mínimo possível, e me vesti em silêncio.
Mais uma vez, encarei, receosa, a face adormecida. Havia algo de gigante nela, uma grandeza silenciada, e a alma guardada sob aquela carcaça algum dia iria supor que ela existe e buscar descobrí-la.
Senti-me hesitante. Contudo, naquele momento, disse a mim mesma, havia de buscar minha glória.
Abri a porta, encarando a pintura imaginária do vasto e indomável oceano no qual embarcava. Deveria ser um sonho de destino, deveria ser o paraíso.
Mas assim que dei um passo à frente, ouviu-se um bocejo. A voz terna que vinha de trás de mim balbuciou meu nome, aquele que tenho há vinte anos — antes de Magnólia, antes de Gideão, antes da mitologia desbravadora, mas que segue comigo em tudo isso, enquanto for eu.

— Camile?

Não posso.
A pintura do horizonte se esvaece em meus pensamentos e, por alguns instantes, tudo é concreto.
Mesmo que pise uns centímetros à frente, mesmo que tenha um dentinho quebrado,
'Camile' está exatamente onde deveria estar.
Exalei o ar que mantive em meus pulmões nesses segundos tão longos e, por fim, ao respirar mais uma vez,

Decidi dar meia-volta.
raspberrys: (Default)
As the last threat,
a woman has bled.
Sabbatical saturday,
when men went mad.

Wild gladiator,
daughter of sad—
Yet she didn't murder,
but chose to forget.

She knitted the scarf
she wears 'round her neck;
she made her a helmet
to keep under bed.

If she didn't rise,
they wouldn't attack.
So she stepped back
And saw 'em go ahead.

Yet her wrath's stored,
There's no rest in her head—
(When she shuts her eyes,
does the world drop dead?)

"What if I rise?
What if I dare?"
Hell's to leave knowledge
for them and just stare.

So she grabbed the sword
attached to her back;
she worn the helmet
hid in her heart's depth.

She fought with courage
for wisdom girls have—
And the veil has torn
When a bold woman bled.
raspberrys: (Default)
well i've been planning to do that since like july but just abandoned it thinking the feeling that would guide me through the work had just left me. i am trying to stay away from my walking n breathing addiction (not that i've only decided to ""stay clean"" yesterday night but it's ok) and the vulnerability state i find myself currently into fills me with determination iykyk — also reading the same book for the 3rd time is indeed another strong motivation.
the book will be called 'magnolia'. i'll write it in portuguese, even though i'm mentioning it here in english because whatever this is my own diary and i can treat it like im in acts 2
i hope this doesn't go down the drain. rooting for my own healing and writing!!
raspberrys: (Default)
from i to i
forget it
the corsair is sailing away
i sent him back to his hometown
with my furious glance
so you might feel safe under my roof
still you're not here
so close, far away
though i see you through the mirror
neath my eyes, you glow so bright
oh darn, pretty girl, apple pie
voice like an angel you seem from down here
still you're not that above
10 floors distant
maybe 2 hours away
you're only so incandescent
you descent
cause the sun projects it's shine over you too
raspberrys: (Default)
drown in your arms
they will be there
the end of the rain-
-bow holds a gift
just for us with our
mouths shut, arms wide open
eat my wounds,
my womb,
my flesh
and we'll be in love forever,
embraced tenderly by silent's bliss
raspberrys: (Default)
the doors are all closed, we peer through key holes
tucked away in a place where flowers can't grow
your skin turns to dust in my hands
and i'm left holding onto a pile of sand
raspberrys: (Default)
meus sonhos são purpurina em minhas mãos

shipwreck

Aug. 30th, 2025 11:43 pm
raspberrys: (Default)
what does it feel like?
when i open up my heart
and fade into ocean eyes,
then sail all over it for faces
that are surely not mine—
rebirth into other death,
die inside another birth—
and the cicle keeps on going
everytime a girl gives too much.
how the moth is to the flame
but will always get burned—
all the scars will be shown—
in the next rebirth.

the sea is calm still,
no other ship sailing in.
i believe it'll be like that
for all the time this stays here—
or til this veil gets old enough
then i'll see a glance in the river:
a dead girl blinks right at me
old face, still no wither—
it's just a glimmer, nothing bad,
yet my ship could not forget,
so i'll sail with you inside my head—

and then go back to where we met,
see that's all i could have guessed.
i knew what was on the road—
i rebirth into other death—
i die inside another birth.
raspberrys: (Default)
the sunshine bending over her eyes
the roots of her hair, a tender delight
but just for my sight
artificial light

looking above just to catch a sign
searching through your wishes so i could align
hanging the love line
waiting for truth to be find

still i won't betray mr. heart
he has iron vessels that clung
he has pointers ticking on his breast
he lives through balloons simulating lungs
but still, they breathe
still, they cling

and my can chest aches
scrap can't bear what's intense
the clock is ticking, the time will pass
and i know i'll stay stuck in the ash
of mr. heart and mrs. brain's detach
raspberrys: (Default)
a última gota de água cai do copo quando o rosto sai lentamente da tela e nenhuma obra nova é feita pelo pintor que desenha e redesenha seus traços em cálculos.
não mais espero que me cruze na rua, não mais vejo racionalidade em procurar nos elevadores, escadas, ruas, parapeitos, janelas, varandas, painéis de led ou nas linhas da palma da mão. não busco mais por mãe, pai, avós, irmãos (caso tenha).
volto ao princípio (onde tudo se finda) e olho as pálpebras caídas. olho a dor entalada no corpo mórbido. você não parece estar se alimentando direito, parece buscar algo além.
além do que é,
além do que tem e, mais que isso,
além do que já foi.
a imagem não sai da mente,
tanto que os olhos vazios nem percebem o espelho a se dividir.
em dois, em três, em quatro; e tudo se junta em um lugar que não se pode acessar e, por fim,
deixarás de procurar. tudo que irá ver será o mesmo rosto em outros reflexos. — cacos distorcidos, côncavos, convexos.
mas ainda é você.
raspberrys: (Default)
a imaculada canta—
ao décimo segundo vaza
água viva, pois esperou—
e ao décimo terceiro canta
a glória da crista, pois se entregou.
ó, santa virgindade— não poderias tu ter esperado
mais algum tempo, para que se aproximasse
a data tão mais valorizada?
e se impura você fosse,
sua água lhe seria tirada?
seu prazer seria luxurioso,
sua lágrima, solidificada—
ó bela maria, ensolarado desejo—
se entregou ao matrimônio tão cedo,
mas não foi Deus quem a concedeu?
a democracia abre a cela
para condenar seu amado hebreu—
e você, tão jovem maria,
a mão alheia taxaria violada—
exposta precoce a uma vida
que jamais deixou de ser imaculada.
raspberrys: (Default)
Observe a maçã caindo da árvore
A hipnose do homem em mármore
Sinta a instauração do amor

O amor ressuscita a dor
O ardor aniquila o pudor
O calor, a semente produz

É sombrio, despido de qualquer luz
Por mais belo que aos olhos da cruz
Nem sempre é tão puro criar

Mas se vier, prometo te amar
Com o amor que tardaram a me dar
Minha vida não termina nessa

Mas se Deus escutar minha reza
Meu amor, não terei mais pressa
No dia certo, você vai chegar
raspberrys: (Default)
minha sentença, castigo. eu luto contra o vento e as jaulas estão destrancadas.
os espinhos acharam conforto enrolados em minhas mãos, e eu já me furei tanto que não sinto mais nada.
o belo retrato permanece banhado em azul, uma dança de tons dividindo agora dois corpos.
agora você é azul, mas eu sou infinitamente mais cinza.

mundo novo

Mar. 2nd, 2025 01:02 pm
raspberrys: (Default)
há alguns dias tenho experimentado algo novo. um edifício de aparência industrial, distante e distoante de qualquer floresta em que já tenha habitado meus breves 16 anos em existência.
ao primeiro passo, parece frio. um choque térmico. preciso de água.
não é vazio. mesas, cadeiras, plantas, sofás, eletrônicos. muito cinza, muito azul, muita fumaça. não gosto.
ao caminhar pelos corredores, sentar nos sofás, percebo que são, na verdade, de certo conforto. o prédio é simples, 2 andares.
ao comprar, me ofereceram uma reforma. recusei. precisa ser meu. eu cuido disso.
olhando bem, até que o azul é agradável. eu posso gostar de viver nesse lugar.

mas está esquentando aqui dentro.




não tem água?
raspberrys: (Default)
seja lá quem você for,
você sempre será a minha ruína

***

Feb. 21st, 2025 11:14 pm
raspberrys: (Default)
I have a strong libido for stuff I can't approach
that sucks and even hurts and it won't stop
oh shit
I wanna fill my head with a whole world of information just so I won't have space left for this shitty part of me to get filled up
everyone has this thing, I guess
well i'll supress, or at least i'll say i'll do and ill do my best while striving for perfection and control so i look great to everyone who expects it from
...
(end)
...who?
ah,
me.
raspberrys: (Default)
my words get as empty as your full bottle
i run out of poetry
morning comes and sleep won't get away from me
my back is used to bed
my eyes won't get used to the sun
the tickles in the womb take sound that grows louder and louder and i start to wonder if it will ever go away
your maggots are corrosing my insides and no child won't ever leave this tired body once your dirt has obstructed every way it could get out through
i still see the stains in your glass while looking through moon's grin and beyond it we are still crystal clear
i'm not glad of it anymore
and don't you dare trying to wipe me out
soon this mess will be home
Page generated Sep. 23rd, 2025 01:49 am
Powered by Dreamwidth Studios