Há algum tempo, descobri a existência de um elemento nos cromossomos chamado telômero, que determina o tempo de vida do ser pela quantidade de mitoses feitas pelas células, sendo a expressão desse cálculo o quanto essa nanoscópica capa se desgastou. Por mais que seja fantástico, não significa nada. A morte do corpo leva apenas a matéria - os ossos velhos, o coração fraco, a pele tão frágil; mas o ser é eterno. Essa eternidade, embora aparentemente incabível ao plano de existência que é a vida na Terra, se manifesta unicamente nela.
Quando morrer, sei, por convenção, lógica e religião, que não levarei nada. Se comprar uma propriedade, será herdada por alguém; se construir uma família, ela há de continuar normalmente sem mim. Se ganhar um prêmio, de que vale? Nada de grandioso ao olhar dos homens de fato é válido, pois a mansão herdada será, um dia, destruída, bem como meu nome não será conhecido ou sequer questionado por meus tetranetos e o metal do troféu irá oxidar. Contudo, a alma produz coisas profundas e incorruptíveis, que não podem ser tiradas de alguém por força alguma, mas o verdadeiro e único órgão vital que ela é continuará a se desenvolver durante toda a eternidade, banhando-se no branco, no vermelho, no azul, no dourado e no preto, até adquirir cor própria, jamais concebida antes.
O único legado real e valioso que se pode deixar na Terra é a própria alma, pois ela há de participar na coloração de tantas outras que correm desesperadamente em busca de uma conclusão. E a única maneira de tingir espíritos por gerações é através da criação - e por criação, digo poesia, filosofia, ciência, fotografia, pinturas, gravuras, anotações. Tingir é fazer arte, e arte é o fruto da criação. Pensar é um quadro em branco, mas registrar é criar.
De nada vale ter tantos pensamentos valiosos se não posso levá-los aos corações que precisam de inspiração. E quantos pensamentos valiosos não tenho? Chorei tantas vezes ao longo da minha vida; me machuquei fisicamente e emocionalmente; machuquei outros também; mas também sorri, pensei, amei (e como!); e, de tudo isso, pude aprender um pouco mais sobre a existência. O emaranhado dos aprendizados é o legado que tenho para deixar aos outros e a mim mesma, seja esse legado imediato, futuro ou ainda desperdiçado. O que vale é deixar um pouco de vida para que sejam criadas outras a partir dela.
Quando morrer, sei, por convenção, lógica e religião, que não levarei nada. Se comprar uma propriedade, será herdada por alguém; se construir uma família, ela há de continuar normalmente sem mim. Se ganhar um prêmio, de que vale? Nada de grandioso ao olhar dos homens de fato é válido, pois a mansão herdada será, um dia, destruída, bem como meu nome não será conhecido ou sequer questionado por meus tetranetos e o metal do troféu irá oxidar. Contudo, a alma produz coisas profundas e incorruptíveis, que não podem ser tiradas de alguém por força alguma, mas o verdadeiro e único órgão vital que ela é continuará a se desenvolver durante toda a eternidade, banhando-se no branco, no vermelho, no azul, no dourado e no preto, até adquirir cor própria, jamais concebida antes.
O único legado real e valioso que se pode deixar na Terra é a própria alma, pois ela há de participar na coloração de tantas outras que correm desesperadamente em busca de uma conclusão. E a única maneira de tingir espíritos por gerações é através da criação - e por criação, digo poesia, filosofia, ciência, fotografia, pinturas, gravuras, anotações. Tingir é fazer arte, e arte é o fruto da criação. Pensar é um quadro em branco, mas registrar é criar.
De nada vale ter tantos pensamentos valiosos se não posso levá-los aos corações que precisam de inspiração. E quantos pensamentos valiosos não tenho? Chorei tantas vezes ao longo da minha vida; me machuquei fisicamente e emocionalmente; machuquei outros também; mas também sorri, pensei, amei (e como!); e, de tudo isso, pude aprender um pouco mais sobre a existência. O emaranhado dos aprendizados é o legado que tenho para deixar aos outros e a mim mesma, seja esse legado imediato, futuro ou ainda desperdiçado. O que vale é deixar um pouco de vida para que sejam criadas outras a partir dela.